Dada a largada para mais uma CF - Seminário estuda Superação da fome e sonho da fraternidade

Na capela da Casa de Encontros Dom Anselmo – CEDA, no bairro Pantanal, em Tubarão, nesta noite, aconteceu o tradicional Seminário sobre a Campanha da Fraternidade. 

O Santíssimo Sacramento não foi retirado do sacrário; e a lâmpada-chama tremulava anunciando que Ele, “o Pão Vivo descido do Céu”, estava presente ali! Foi Ele quem disse aos discípulos: “Dai-lhes vós mesmos de comer” ao povo faminto, que é o lema da CF. 

Junto ao altar, a Stela (Maria Della Giustina) e seus colaboradores criaram um painel onde se destacavam o cartaz da CF e vários símbolos: Bíblia, alimentos (pão, feijão e arroz), panela vazia... e um crucifixo (que, por sinal, foi quebrado acidentalmente antes do início do evento – mais uma daquelas mensagens da Providência). 

Pe. Lino Brunel, Administrador Diocesano acolheu os mais de duzentos agentes de pastoral (religiosas, leigos, leigas, diáconos e sacerdotes) provenientes de quase todas as Paróquias da Diocese. 

“Quero cumprimentar e dar as boas-vindas a todos vocês que vêm para realizarmos juntos um encontro que já se tornou tradição na nossa Diocese, que é esta preparação para a Quaresma, estudando o tema da Campanha da Fraternidade. Convido todos a aproveitarmos o máximo possível das partilhas que serão feitas nesta noite”. 

Depois de apresentar os objetivos gerais da Campanha, conduziu os presentes para o momento de oração. Enquanto era cantado o Hino próprio desta Campanha, jovens trouxeram símbolos para compor o tal painel no presbitério. 

A Ir. Sirlete, das Irmãs Sacramentinas de Bérgamo (Lar das Meninas), da Cidade Azul, fez uma reflexão sobre a relação Quaresma e Campanha da Fraternidade. Para ela, 

“ninguém pode passar fome quando vivemos como irmãos. Fome é uma realidade gritante, escandalosa, fruto de nossos pecados de ganância e indiferença. Nesta Quaresma, com a mão no coração, olhemos para este apelo que faz sofrer milhões de brasileiros. Nosso país é um celeiro. É vergonhoso e muito feio para nós, já pela 3ª vez, termos que tratar deste tema numa CF quaresmal. A fome pesa na cruz de Cristo. Certos da Páscoa, na Quaresma, rezemos e nos unamos fraternalmente para encontrar soluções que tragam esperança ao nosso povo”. 

Em seguida, o catequista Zelli Willemann, de Tubarão, que é formado em Ciências Econômicas e em Direito, apresentou um olhar sobre a realidade da fome em nossa sociedade. 

“A fome acompanha a humanidade desde os seus primórdios. Alguém disse que ‘a história da humanidade é a história da fome’. É uma realidade do nosso povo também hoje, pois alimentar-se é um direito fundamental do ser humano, assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, da ONU, no seu Artigo 25º; e sagrado na Constituição brasileira de 1988, no seu Artigo 6º. Em 2014 o país saiu do Mapa da Fome, mas, em 2017, retornou. Faltam alimentos na nossa mesa, mas, também, falta água boa, de qualidade, em quantidade suficiente e de baixo custo”. 

Willemann apresentou vários dados que revelam a dura realidade que assola nosso povo brasileiro. 

“Temos 125 milhões de pessoas com Insegurança Alimentar; mais 33 milhões com Insegurança Alimentar grave. Em nosso Estado, temos 4.6% da população vivendo o drama da fome. Diante desta constatação, podemos afirmar que a superação da fome não é prioridade no país, nem em Santa Catarina, tampouco na Diocese de Tubarão e nem em nossos municípios. Onde estão os famintos de nossas comunidades? Estima-se que 17.500 pessoas aqui no território diocesano estejam passando fome. Precisamos encontrá-las e trabalhar em seu favor!”, concluiu. 

Coube ao Pe. José Eduardo Bittencourt, de Capivari de Baixo, iluminar com a Palavra de Deus esta realidade. E ele o fez utilizando-se dos textos bíblicos usados no Livro da Quaresma para os Grupos de Famílias. Segundo ele, 

“a CF trata, sobretudo, da fé e de como lemos a nossa realidade. E essa leitura deve ser feita fundada nas nossas fontes: a Bíblia, o Magistério e a Tradição da Igreja. Trata-se de uma fé que ilumina a realidade e desperta em nós ações concretas. Mas há pessoas trabalhando para o inimigo, dando contratestemunho da própria fé pelas redes sociais, mentindo e confundindo muita gente a respeito da Campanha da Fraternidade. Basta!”. 

Então, a Carina, ex-aluna do CEACA (Associação de Apoio à Criança e ao Adolescente), fundado pelo Pe. José Eduardo e pela Rosa Machado, há quase 30 anos, e atual colaboradora da instituição, deu o seu testemunho. 

“Eu tinha tudo para não dar certo na vida, porque, ainda menina, vinda de uma família muito pobre, vivia na rua, fugia da escola sempre que podia, até que o CEACA abriu as portas para mim. Ali recebi assistência e orientação, até que me descobri cidadã e pude sonhar e lutar para realizar meus sonhos. Formada da faculdade, quero que minha filhinha receba a mesma formação que eu recebi e que me salvou”. 

A Stela apresentou uma série de ações que ajudam a superar a fome, a partir da experiência de nossas paróquias. O Diácono Gelásio e um jovem líder de Morro Grande, o Tiago Constantino, falaram sobre a ação da sua Cáritas Paroquial. 

Também compartilhou-se, através de Rafael Willemann, uma experiência do grupo Catedral Solidária e a iniciativa do Dr. Léo Jorge Panegalle, jovem psicanalista que sai às ruas de Tubarão ouvir a população que lá vive. O trabalho do CRAS (Centro de Referência  de Assistência Social e Políticas Públicas), a partir da experiência de Rosiane Comelli, em Braço do Norte, também foi apresentado. 

Com a bênção final, Pe. Lino despediu os presentes A Quaresma terá início na próxima quarta-feira de Cinzas, dia 22, com a abertura da Campanha da Fraternidade. 

“Porque Ele vive, eu posso crer no amanhã!”

Fonte e link: Divulgação/Blog Padre Auricélio